SILENCIOSO GRITO
Os semblantes denunciavam a indignação
Porém abandonar a luta não se cogitava
E da desfaçatez já por todos conhecida e anunciada
Responderam com disposição que dali não saiam.
Não eram mais os números divergentes o ponto da pauta
Mas o cinismo apresentado como justificativa para a omissão
E aqueles que lutam a luta que seria de todos
Abandonados pelos seus outrora companheiros
Têm nos que do front não desistiram
Não as armas, mas a certeza que não se entregaram
E a luta travada sob os auspícios da busca pelo direito
Nunca será em vão para aqueles que não se curvam.
É assim que se constrói uma nação
Não por soldados ou territórios conquistados
Mas por cidadãos que enfrentam o déspota
E seus seguidores que acostumados aos desmandos
Nunca prestam contas dos atos e conseqüências
Porque acreditam senhores da verdade e deuses
E não suportam os indesejáveis denunciando a tirania.
Até quando alguns em silêncio perguntavam
E conhecendo a resposta também em silêncio entendida
Com as forças renovadas uns aos outros transmitida
Lá na praça estarão porque sabem serem sua.
E para aquele que sussurrando passa cabisbaixo
Não lo diremos ofensas nem tão pouco impropérios
Mas como trabalhadores que somos
E cônscios dos direitos reclamados
Lamentaremos a vergonhosa caminhada
E já executando o trabalho excessivo e mal pago
Fará dele nem pior nem melhor daqueles que à praça estão
Mas não poderão negar que perderam o respeito próprio.
E o dono do castelo empanturrado das benesses do trono
Cercado de bajuladores e sorrisos sempre dispostos
Saberá descartá-los tão logo assim queira
Porque sabe que por poucas moedas
Silvério entrou para história pela porta dos fundos.
E aqueles que não desistam da luta empenhada
Palavras as mais elogiosas nunca expressarão
O privilégio que é estar ao convívio
De homens ou mulheres, não importa
Porque somos iguais na mesma luta.