Ao poeta excluído

De que me servem as fixas idéias?

Trechos de desejos... Uma só faca, uma só lâmina?

Não importa o tamanho do quarto...

...Há tempos, moro dentro de mim mesmo

No exílio, cantei ao Jazz, encharquei o meu lenço...

... O mesmo lenço que ganhei naquele aniversário

Que, soprei as velas e desejei

Desejei tanto que nem me lembro a essência do pedido

Hoje, a piedade é um luxo

E, de acordo com meu terno dobro-o e acrescento-o no bolso

Da frente, andando no ar, esperando a alvorada do amor

Odes literárias, aedos, horas de metamorfosear em meu recanto

No entanto, há muita eloquência, muita...

Tanto que não suporto, suspiro e me recolho

O resto, à noite me enrola

No porto pouco alegre, foi só chegar e tive que chamar

Chamar um médico... Há quanto tempo não via um!

Não sou amigo do rei, no entanto sobre o turvo espelho, muito me intoxiquei

De tanto provar mato verde, terra-roxa, água doce, me inebriei

Se forem agudos, tudo bem, se inicia a redundância da partida

Já não me importa o balcão, nem o copo e a garrafa que quebrei

Do fechamento, do aceno ao garção, não deixarei os guardanapos em paz

Pois, quem faz poema, respira...

... Salva um afogado e dá ritmo a vida

Se não fossem as três vezes que perdi!

Imortal, não consegui ser, não me quiseram na Academia

Pode ver como aumentaram minhas olheiras

Ao final, tenho fumado dois maços por dia

Acendo vários e parei de fazer poesia

Sabia, se perdesse a quarta tentativa uma tragédia renasceria

Ah, minha filha...

... A solidão coletiva ainda que tardia

*A Mário Quintana, com carinho e admiração

Marciano James
Enviado por Marciano James em 18/08/2010
Reeditado em 16/11/2011
Código do texto: T2444698
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