Encontro de almas
Nem sempre um dia chuvoso pode ser improdutivo ou impedido de ser dia, pensei ao olhar a janela, ou fora dela, que estaria acabado! A chuva levaria até mesmo minha energia, que se esvairia ao tráfego daqueles córregos.
Ao falar com a voz, o eco do que seriam os deuses a me despertar do sono da inércia, fui sim encorajada a enfrentar o outro lado, que também é espetáculo, afinal, o que é a chuva senão a lavagem que Deus faz a sua alma, como uma purificação ou lamento profundo, um sussurro desabafo?
Segui a direção pulsante do meu coração, caminhos conhecidos, paisagens diferentes, seu cinza mesclado ao branco em meus olhos refletiam um clarão de vida. Uma incerteza certa, coisa de poeta,
pessoas e simpatia, foi o que povoou meu dia, beleza e euforia, mistura de sentimentos, onde a arte era a protagonista de uma história real da amizade fecunda, que nasceu da intolerância à pessoas normais, do poder generoso de Deus que embriaga os corações e esse deleite enobrece a nossa alma.
Assim o café, as conversas, descobertas eternas, curiosidades sanadas, olhos a procurar, percorrendo as trilhas do encontro. Irradiação de sinergia, cerveja com gosto de água, frio sem dor, temperatura amena em meu corpo descoberto para o tempo. Luanda, a timidez quebrada ao barulho da latrina, uma sucessão de passos, novos olhares sobre coisas velhas.
Meus Deus!!! Estava eu ali perto do PENSADOR e sem pensar em nada!! Apenas sentindo a alma conversar com o coração, um diálogo sem rumos, estrofes desatinadas, a lagrima e o abraço, ambos inevitáveis, uma explosão de energia partilhada espontaneamente.
Tudo tinha de ser do jeito exato que foi e lá em cima os Deuses agradecem com chuva o feito do encontro, que se tornará magico, como a lua sobre o mar após o brilho do sol povoar e aquecer as criaturas.
Siarom