Eu passo! E vou só passando...
Passando à esmo por essas paisagens
Como se delas nem sequer fizesse parte
Eu não sou de formar raízes, já fui...
Sou mais folhas... Folhas ao vento
Não sou pó, nem sou líquido, sou o vento
Sou pensamento que entremeia silêncios
Que nasceu somente para se perder
E que de ser o que é só entende de não ser
E de entender tanto não ser é sempre nunca mais
Nunca mais: a distância no espaço e no tempo
Nem infinito e nem eterno, ínfimo e momentâneo
Nem tampouco duradouro, mas instantâneo
Como horas e folhas soltas ao vento, solitárias
Sem ter alguém que possa dar por elas...
Eu passo por essas palavras, é só isso
Por essas palavras morrendo lentamente
Como morre em mim a vontade da poesia
Tão escassa de beleza e plena de tristeza
Cultivada com tanto dessa melancolia
Indiferente ao nascer desse novo dia
O dia que não vem, que não veio e nem virá
O dia em que não se precise de mais nada
Nem de se consolar assim com a poesia
O dia de ser mais nada nunca mais...

(Mirandópolis, 11:59)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 17/08/2010
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T2444323
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