FLERTANDO AS ÁGUAS

Na preamar, distancio-me da orla

e observo o marejar borbulhante

que intermitentemente açoita a areia.

Por fim, já não há mais terra à vista.

Para lá ... para cá ...

bombordo e estibordo;

ouço o murmurar marinho,

rítmico, que inunda e acalma.

Quilha sem leme, timão ou vela, vagueio

em azuis que se projetam da superfície às estrelas.

Ao longe, nas mesclas de ondas e nuvens,

diviso as matizes dos extremos siderais.

A jornada não parece longa

e o firmamento não se vê cinzento.

Sopra o vento, que embala as horas;

ora à luz do sol, ora aos olhos do luar.

Qual caravela que bóia sobre anis,

ditosa, no vago oscilar dos tempos,

navego suave; flutuo só; avanço

e, sereno, adentro esse mar.

.-.-.-.-.-.

Adiciono, a seguir, linda intereção da Poetisa Stella Bernardes, a quem agradeço:

"...E, aquele horizonte todo a ser flertado!

Águas misteriosas, cores contrastantes!

Os olhos do poeta, feito flash que capta cada instante

da areia ao infinito

só, distantes, pensamento rítmico! ..."

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 17/08/2010
Reeditado em 08/09/2010
Código do texto: T2443990
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