FLERTANDO AS ÁGUAS
Na preamar, distancio-me da orla
e observo o marejar borbulhante
que intermitentemente açoita a areia.
Por fim, já não há mais terra à vista.
Para lá ... para cá ...
bombordo e estibordo;
ouço o murmurar marinho,
rítmico, que inunda e acalma.
Quilha sem leme, timão ou vela, vagueio
em azuis que se projetam da superfície às estrelas.
Ao longe, nas mesclas de ondas e nuvens,
diviso as matizes dos extremos siderais.
A jornada não parece longa
e o firmamento não se vê cinzento.
Sopra o vento, que embala as horas;
ora à luz do sol, ora aos olhos do luar.
Qual caravela que bóia sobre anis,
ditosa, no vago oscilar dos tempos,
navego suave; flutuo só; avanço
e, sereno, adentro esse mar.
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Adiciono, a seguir, linda intereção da Poetisa Stella Bernardes, a quem agradeço:
"...E, aquele horizonte todo a ser flertado!
Águas misteriosas, cores contrastantes!
Os olhos do poeta, feito flash que capta cada instante
da areia ao infinito
só, distantes, pensamento rítmico! ..."