CATARSE
Clara da Costa
Numa bela e ensolarada manhã de novembro,
sem explicação ou aviso prévio,
meu coração bateu diferente,
as mãos esfriaram de repente,
meus olhos não conseguiam deixar de fitar,
aquele outro olhar.
Algo estranho aconteceu no meu cotidiano,
os dias se tornaram mais felizes, mas ao mesmo tempo,
mais tensos.
Era a CATARSE,
prevista, indefinível, inevitável,
que veio, chegou sem pedir licença,
sentou ao meu lado, dormiu comigo,
chorou abraçada comigo em noites
solitárias, em dias escuros, tropeçando nas pedras
teimosamente dispersas pelo caminho.
Anos mais tarde,
os fogos de artifícios, algazarras pelas ruas lotadas de pessoas aparentemente felizes, brindavam com aquela esperança infantil que tudo iria mudar, a partir de amanhã,quando o calendário apontaria
um novo ano.
Naquele momento, o estrondo de um foguete se fez explodir no céu estrelado.
Senti esse estrondo na minha cabeça...olhei para o céu e,
pedi fortemente Sua ajuda.
Nesse momento, enfim, algo aconteceu:
acordei do sonho, de um sonho de amor, que achei que poderia ser eterno...
Hoje, ainda estou saindo dos escombros,
devagar, degrau por degrau,
mas consciente, sem medo do mundo, sem medo de ser feliz,
com a alma tranquila e em paz,
no sossego da minha quietude frente ao mar.
Penso ainda naquele olhar...daquela manhã ensolarada de novembro.
mas com amor e gratidão.
A catarse me fez crescer como gente!
Praia de Pipa/RN
16.08.10