Serpente
Não sei porque rastejava,
se tinha asas,
nem sei porque chorava,
se risos tinha.
Que nova chegava,
igual a lua, quando vinha,
na brejeira flor,
dos aromas que trazia;
versos tão doces fazia.
Não sei dos poetas
que ela cantava,
nem sei dos trovões
que trovejava.
Sei que sorrateira,
igual felina da noite,
trazia uns versos
que fustigavam tal açoite.
E foi onde tropecei;
nas rimas canções
das faíscas que ela
sem parar soltava,
na poesia mais rica,
na estrofe mais bela.