Minhas Gavetas
MIINHAS GAVETAS ...
(por Rosalva Rocha – 16/08/2010)
As minhas gavetas retratam o meu mundo, um mundo contraditório, as vezes feliz, as vezes triste, mas guardado para abri-lo no exato momento que penso ser o ideal.
Minhas gavetas abrigam lembranças, boas e más, mas que fazem parte da minha vida.
São incógnitas,
Muitas vezes insólitas,
Mas cheias de curiosidades.
Há nelas de tudo:
- Cartas;
- Objetos pessoais sem valor algum;
- Outros de valor inestimável;
- Lenços,
- Bilhetes,
- Lembretes,
- Muitos papéis,
- Muitas canetas;
- Muitas facetas.
Nelas eu encontro o abrigo necessário quando quero pensar no que estou fazendo com o “meu mundo”.
E elas me dão sempre a resposta!
Vez ou outra são esvaziadas com algumas coisas,
Mas outras ficam por longos anos, como se fizessem parte integrante de mim.
Minhas gavetas são estranhas ...
Cúmplices de tantas façanhas ...
E responsáveis pela minha identidade,
Uma identidade que nem mesmo sei se pode ser exposta,
Mas que é minha. Só minha!
Minhas gavetas revelam o meu passado,
O meu presente e, quem sabe,
O meu futuro.
No meio de fitinhas do Senhor do Bonfim
Encontro um colar de pérolas
Tão belo,
Tão significativo.
Remexo-as e posso ver
Um patuá ganho de um amigo há muitos anos
Que permanece lá por puro carinho e o
Crédito de que ele estará sempre me protegendo.
É vermelho, cor de sangue,
Como o sangue que corre nas minhas veias
Toda vez que percebo uma injustiça,
Que sinto uma maldade,
Uma falsidade.
Nas minhas gavetas, sem dúvida,
Reside o que eu realmente sou,
Acompanhada por um lencinho da Vó,
Um pouco de pó,
E um pequeno rebuliço que faz parte de momentos que me sinto só.