Desapaixonação

“A DOR É INEVITÁVEL, O SOFRIMENTO É OPCIONAL.” (DRUMMOND)

A paixão surge instantânea e involuntariamente. Já o processo de “desapaixonação” forçada é longo, dolorido, penoso. Para apaixonar-se não é preciso nenhum esforço, mas para desapaixonar-se voluntariamente é preciso dar o máximo de si, ao custo de muita dor.

A paixão nos invade, dominando nosso coração, todo nosso ser. A desapaixonação acontece quando a nossa cabeça tenta tomar as rédeas da emoção para governar com a razão. Mas não é sempre que se consegue. Na maioria das vezes, não se consegue. Porque a paixão persiste, é força oculta nas profundezas da alma, cavalo bravo irrefreável, animal selvagem sem cabresto. E a desapaixonação é como um gato correndo atrás do próprio rabo.

Paixão é perdição! Causa desequilíbrio sentimental, falência emocional, prejuízo físico, desgaste mental, perda de controle. Não há vacina contra paixão, tampouco remédio ou antídoto imediato.

Quem se apaixona sofre feliz. Acredita que os poucos momentos de alegria compensam os outros tantos instantes de angústia, insatisfação e dúvida. Dedica sua vida à pessoa alvo da paixão, sem esperar nada em troca. Vê significado onde nem há perspectiva. Acredita na expectativa mesmo quando a esperança já morreu.

Ainda assim, a paixão vale a pena. Já que nesta vida a dor é inevitável, o melhor é perder-se num instante de paixão do que encontrar-se na eterna solidão.

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 14/08/2010
Código do texto: T2438034
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