O REI ESTÁ NÚ

E a patuléia a seus olhos não era nada

Não sabia, porém, que não se menospreza

Aquele que se reconhece dono do seu destino

E ignorante que era da força que tinham

Não consegue dobrar a todos sua vontade.

Pensa assim aquele instituído de soberba

E certo que sua passagem abre caminhos

Avança feito soldado em linha reta

E se depara com o muro humano que a frente está.

E o pestilento ocupante do trono rodeado

A seus pés serviçais sempre a postos e sorrisos fáceis

Incontinenti correm tão logo se estalam os dedos

E satisfaz aquele que no nobre salão está.

É a política dos favores estabelecida

Praticada sem cerimônia nem tão pouco evitada

E o torpe gesto reverenciado como o nascer de uma criança

Se perpetua em nome da ética e transparência

Mas nas entranhas se assemelha à pocilga.

Não se furtam, porém, os que sempre a postos estão

Na mira sobressalente ao escudo e outros ao redor

Porque sabem que a vontade de todos segue o mesmo objetivo

De tornar público o que se faz tudo para ocultar.

E rompido o medo estatuído em códigos e artigos

Tudo se faz para desmerecer o valor do serviço prestado

E o povo que banca tamanha desfaçatez

Disfarçada de probidade assentada sobre rígidas normas

Refém se torna do poder já em decomposição.

E aqueles que teimam a praça ocupar

Do povo nada quer senão mostrar

Que não há rei que reine eternamente

Porque outros que assim pensaram

Teve no cadafalso o último passeio.

E ninguém lamentou.