MEA CULPA
 
Diante da surpresa, perdi a espontaneidade. A emoção tomou conta de mim.Somente agora, aos poucos, me dou conta de que existem coisas que devem ser contempladas e admiradas com tempo e devoção. Que deixar-se levar pela onda pura da paixão não faz bem ao verdadeiro amor. Que uma noite de estrelas e um murmúrio de mar em nossos ouvidos, podem confundir os reais sentimentos, levando-nos a esferas inimagináveis dos instintos.
A percepção dessas coisas, causa-nos um vazio imenso, uma sensação de ter perdido a passagem do momento certo da felicidade. A incerteza de que esses momentos venham a repetir-se e a sensação de que em determinado ponto de nossas vidas não podemos deixar que eles escapem entre nossos dedos, como faz a areia da praia quando a levamos até a primeira onda. Somente a fé faz com que a batida compassada, às vezes nem tanto, de nossos corações continuem acontecendo. Até que, um dia, fazendo a mea culpa, sangremos, no desespero do tempo passado.
Enquanto isso, que vivam as boas recordações, só estas amenizam a amargura deixada pelas más.

Sarrafo
Enviado por Sarrafo em 12/08/2010
Reeditado em 20/08/2010
Código do texto: T2434604
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