Trajetória Emocional (A gênese e o óbito de um romance)

No dia em que nasci,

Numa doce tarde de Novembro.

Eu, fruto de seu jovial olhar

Tive minha primeira concepção de vida.

Nasci livre em um sufocamento

De uma circunstância proibida.

Como se dar sentido a existência

Fosse um pecado capital.

Vivi clandestinamente junto de ti

Em promessas e sonhos

E tentativas lógicas

De evitar o inevitável.

E fui arrancado de minha vida,

Arremessado em uma prisão dogmática.

Os dias se tornaram meses...

Os meses se tornaram anos...

No romper da escuridão

Em epifania, um anjo dá

Gênese a esperança e

Ressuscita-me em glória.

Volto aos teus braços

E construo nosso sonho.

Transformo o abstrato

No tangível.

Junto minha vida a tua.

Nós, vítimas de nós mesmos

A desfrutar em harmonia

De nosso insólito desejo.

Nasce o fruto de nosso romance.

Morre o anjo de nossa esperança.

A existência se transmuta.

A confiança se dilacera.

Um olhar detrás das cortinas

Revela a obscuridade grotesca.

Sou exposto como palhaço nu

À platéia da humanidade.

E assisto o fruto já-não-meu

De um romance apunhalado

Crescer e se tornar

Um fantasma do passado.

Dilacero-me, esfacelo-me

E apenas me resta o desejo

De te ver e lhe fazer

Se afogar neste mar adúltero de desilusão.

Ironic
Enviado por Ironic em 11/08/2010
Código do texto: T2430782
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