Decifra-me

A mim decifro em cada leitura

Em cada olhar de candura.

Em páginas carcomidas da vida

Dos livros e, nos pergaminhos...

A mim decifro na palavra não dita

No Sânscrito nome de Cristo

E, tudo que não se há visto.

A mim decifro no veneno que sai da saliva

No inverso do seu universo perdido

No nonsense de cada sentido.

A mim decifro no dia que se há ido.

No amanhã, sempre escondido

Ou no momento que me faz presente.

Decifro as idéias do mundo

No mundo que a mim compõe

Compondo-me em uma incógnita

Decifrável na esperança iludida.

A mim decifro nas asas da liberdade

No sonho que não tem idade

No tempo por mim esquecido.

A mim decifro nas teias que tece a aranha

Em minha sorte tamanha

No vago espaço do ar.

A mim decifro no DNA de uma célula

E, às vezes meio incrédula

A genética me põe a decifrar o que sou.

Decifro-me em cada partícula invisível

Nesse existir impossível

De um infinito de centelhas a pulsar.

É a magia cedendo seus mistérios

Para que eu possa a mim decifrar.