Imagem encontrada e cedida por Rejane Chica



O Encontro

Ó Anjo, não mostre a sua face para quem vive de instantes.
Para quem a eternidade não apraz,
assome o seu vulto apenas a beatitude da renovação
de idéias, de gestos, de sentidos...
Seja o seu chamado mouco para ferir, mas agudo o bastante
para que à vida não se some a ausência de desejo.
Que o seu beijo só encontre repulsa e jamais permanência,
ainda que este mesmo beijo,
que nos rouba a inspiração,
possa nos iludir com o paraíso.
Que a sua face cega ao encontrar nosso irmão
nos traia os olhos, como fogo transformador,
e nos purifique da mesmice.
Ó Anjo, que as suas asas só voem tardiamente,
tenham a leveza da pomba
para acolher a incompreensão de quem fica
e traduzir a finitude em arte.
Que a arte saia dos museus e galerias
e ganhe as ruas, as casas, os corações
e resgate em nós a Vida.

meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 08/08/2010
Reeditado em 18/11/2011
Código do texto: T2425973
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