Pássaro-gente
Asas do azul- da água e do ar
Corpo do asfalto.
Cante pra mim? Sua canção soa cantiga
Sua voz não desafina!
De onde você vem? Para onde você vai?
Se eu der-te um sorriso errante, com quaisquer que sejam suas respostas, me leva com você?
Ou fique, simplesmente:
Estacione no meu mistério, repouse sobre o meu ombro...
Não acredito que exista um ninho sequer, que acolha bem sua grandeza.
Ô, meu pássaro peculiar...
Só você pousa e canta rock n' roll na janela dos meus ouvidos.
Entretanto, eu sei,
Não posso te vender o meu ontem, nem te prometer meu amanhã,
Tampouco posso segurá-lo entre os dedos.
Então voe, "pequeno", até onde meus olhos não alcançarão.
Você verá que os seus sonhos da terra,
Os que tanto alimenta,
Já foram conquistados todos
E estão pendurados no céu, esperando que os apanhe.
Então, vá!
Pinte meu horizonte e desenhe nele uma imensidão de incertezas
Depois sobrevoe na minha saudade
E, toda vez que acordar, desperte:
Cada pena sua,
vale a pena.