Labareda

Não.

Agora me escuta, pois usarei para conseguir a tua atenção, o minuto que antecede a primeira faísca da primeira chama.

Refiro-me ao que fica depois do grito e que permanece exposto e vivo entre os dentes.

Falo dessa porta aberta na tua cara. E tu não entendes.

Não te invade, que o que repito é o que sobe quando arrias a bandeira?

Faz assim. Vem e leva daqui os entorpecentes, leva os alucinógenos, pois quando penso, só o que me convence é o que permanece escrito na bainha do estandarte vermelho. E não nas bulas, e não nas divagações que faz a tua mente.

O que evito é a bala que não sangra, quando enterrada na tua carne, e a que sangra, quando interada da tua conduta.

Não pensa, porque nessa hora não há pensamento.

Traz as chaves dos portões de todas as escolas e eu estarei aguardando a postos em todas as suas dependências.

Não vês? Tu não tens mesmo jeito! Eu só amamento o que nasce da minha vontade e que vem de dentro do meu ventre.

Deixo-te ensaiar a tua dança e dançá-la, mas jamais esqueço a mentira que dorme ao teu lado na tua cama.

Chama de vez pelo que não quebra e não corrompe. Reza pelo que não rasga e reza pelo que não reina. Esmaga as repetições inúteis e infundadas e depois amaldiçoa tudo o que for para ser ausente.

Não me olha, não me sente e nem muito menos lamenta; Porque depois do primeiro minuto passado, eu não mais estarei ao teu lado. Eu estarei à tua frente. E seja lá o que eu for, eu serei sendo labareda.

Agora podes ir como vão as horas, ou ficar como ficam os anos. Só não me pessas o que não posso, nem me entregues o amor que não tenho.

Em: 06/08/2010

Tânia Fonini
Enviado por Tânia Fonini em 06/08/2010
Reeditado em 06/08/2010
Código do texto: T2422233
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