Desnecessárias catarses III
(Mais um poema para todos e para ninguém)
I
Escrevemos: a que será que se destina?
Para desconhecer horizontes e destinos
Para desfazer-se de uma vez de sua sina
Para entender mais os tais dos desatinos
Esse total desarranjo de tristes olhares
Esse desconcerto de fugas tão vazias
Esse desorientar-se em outros mares
Esse dizer o indizível em vãs poesias
E existimos no que sói apenas existir
Insistimos o grande absurdo de viver
Vivemos tudo que não podemos sentir
Sentindo tudo o que não podemos ser
Somos os inefáveis filhos desse medo
Tememos o que nem vamos conhecer
Temer viver é o nosso grande segredo
No secreto medo que temos de morrer
Eis que o indizível beira o inevitável
O mistério das coisas não decifrado
Somos feitos de silêncio insuportável
Somos o que o tempo tem devorado
E efêmeros, carecemos de eternidade
Somos órfãos de infinito e de imensidão
Estamos enviuvados dessa dita felicidade
E excluídos de uma tão ilusória salvação
II
Meu olhar para as coisas mais tristes e vãs
Meu sentimento por tudo o que se perdeu
Transborda por vezes num grito inaudito
A solidão uma sombra que tudo me toma
Angústia irrefreável que de tudo se apodera
Quem me dera agora um sol brilhar lá fora
A tarde cair serena no colo de meus dias
Uma noite de lua e prata nos meus sonhos
Mas tudo é assim tão feito só de silêncio
E desses meus olhares mortos de belezas
Não me condene esse fluir de tristezas
Nem a angústia de não saber o que bem sei
Os dilemas entre ficar e partir e nem ser
Por ser feito de buscas é porque me perco
E se não me encontro é que me desconheço
Em pensamentos tantos que nem sei se tenho
Essa imaginação criadora de tantos mundos
Mundos tantos em que nem sequer habito
Eu habito minhas próprias profundezas
E viver nada mais é que evitar os abismos
Os infernos das nossas dores mais eternas
Esquecer os tais sonhos mais impossíveis
Cultivar passos famintos e olhares sedentos
E a dor e a delícia de momentos plausíveis
(Mais um poema para todos e para ninguém)
I
Escrevemos: a que será que se destina?
Para desconhecer horizontes e destinos
Para desfazer-se de uma vez de sua sina
Para entender mais os tais dos desatinos
Esse total desarranjo de tristes olhares
Esse desconcerto de fugas tão vazias
Esse desorientar-se em outros mares
Esse dizer o indizível em vãs poesias
E existimos no que sói apenas existir
Insistimos o grande absurdo de viver
Vivemos tudo que não podemos sentir
Sentindo tudo o que não podemos ser
Somos os inefáveis filhos desse medo
Tememos o que nem vamos conhecer
Temer viver é o nosso grande segredo
No secreto medo que temos de morrer
Eis que o indizível beira o inevitável
O mistério das coisas não decifrado
Somos feitos de silêncio insuportável
Somos o que o tempo tem devorado
E efêmeros, carecemos de eternidade
Somos órfãos de infinito e de imensidão
Estamos enviuvados dessa dita felicidade
E excluídos de uma tão ilusória salvação
II
Meu olhar para as coisas mais tristes e vãs
Meu sentimento por tudo o que se perdeu
Transborda por vezes num grito inaudito
A solidão uma sombra que tudo me toma
Angústia irrefreável que de tudo se apodera
Quem me dera agora um sol brilhar lá fora
A tarde cair serena no colo de meus dias
Uma noite de lua e prata nos meus sonhos
Mas tudo é assim tão feito só de silêncio
E desses meus olhares mortos de belezas
Não me condene esse fluir de tristezas
Nem a angústia de não saber o que bem sei
Os dilemas entre ficar e partir e nem ser
Por ser feito de buscas é porque me perco
E se não me encontro é que me desconheço
Em pensamentos tantos que nem sei se tenho
Essa imaginação criadora de tantos mundos
Mundos tantos em que nem sequer habito
Eu habito minhas próprias profundezas
E viver nada mais é que evitar os abismos
Os infernos das nossas dores mais eternas
Esquecer os tais sonhos mais impossíveis
Cultivar passos famintos e olhares sedentos
E a dor e a delícia de momentos plausíveis