Permissão

Permita-me falar,

Mas para tal proeza,

Permita-se ouvir.

Cale o que agora pensa ou julga

Para conseguir silenciar-se internamente e alforriar os ouvidos.

Não espere que eu fale do que acho que você quer ouvir de mim,

Pois isso é não dizer minha palavra.

É deixar-te só!

Não quero que fiques ao relento dos teus julgamentos.

Quero que desconstrua paredes e crie portas e janelas.

Quero que queiras, sem e comigo.

Quero não me limitar a um só querer e um querer só.

O só é muito vazio contido em uma monossílaba!

Quero, pelo menos, o menos!

Menos solidão, menos covardia, menos hipocrisia, menos julgamento.

Ao menos quero poder falar minha palavra, ouvir tua palavra e criar nossa palavra.

Mas no agora, tão vívido agora, permita-se ouvir a voz que clama no cinza do concreto.

Permita-me falar.

CARINA LEITE
Enviado por CARINA LEITE em 05/08/2010
Reeditado em 23/07/2018
Código do texto: T2419251
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.