Permissão
Permita-me falar,
Mas para tal proeza,
Permita-se ouvir.
Cale o que agora pensa ou julga
Para conseguir silenciar-se internamente e alforriar os ouvidos.
Não espere que eu fale do que acho que você quer ouvir de mim,
Pois isso é não dizer minha palavra.
É deixar-te só!
Não quero que fiques ao relento dos teus julgamentos.
Quero que desconstrua paredes e crie portas e janelas.
Quero que queiras, sem e comigo.
Quero não me limitar a um só querer e um querer só.
O só é muito vazio contido em uma monossílaba!
Quero, pelo menos, o menos!
Menos solidão, menos covardia, menos hipocrisia, menos julgamento.
Ao menos quero poder falar minha palavra, ouvir tua palavra e criar nossa palavra.
Mas no agora, tão vívido agora, permita-se ouvir a voz que clama no cinza do concreto.
Permita-me falar.