Filosoficamente

Estive triste desde a última botelha de vinho

Ramos de figueira emergiam-me do peito

Tinham assentos cativos dentro dos alvéolos

Lobos e passados mesquinhos, sem corpo nem forma

Mera estrutura de instar imperfeito, parede sem reboco.

Estive triste pelos tomos e páginas repassadas

Olhei abaixo as escadas e riam de mim os degraus

Desfilavam cuias de cicutas nas mãos calosas

E tinham dentes de saibro cheirando a primaveras

Dentre os dormentes a se sucederem, ambigüidade.

Nada se assemelhava ao sobressair dos fatos

Matrizes engalanadas, réplicas em falsos perjúrios

Alta madrugada mórbida e a rótula a descerrar

Não se tinham em bons sabores, as especiarias dos ventos

Poder-se-ia armazena-los como flores de temporada.

As flores de temporada

Tem os amarelos espalmados às cáries

Doenças degenerativas não a acometem por demais

Mestres em girar os fungos, inocentando-os

Apenas gemem baixinho quando a imensidão lhes toca o útero.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 16/09/2006
Código do texto: T241863
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