O Zé pretinho, cantou...
Dona zefa, benzedeira de “mão cheia” e fé,
Idosa, já há muito como o Zeca, sua paixão.
Tinha no seu terreiro o afiliado alado, o Zé.
Morando com o filho, muito bom anfitrião.
Solteiro e festeiro, numa noite de São João,
Lá foi o moço que tinha o gosto de vinícola.
Tinha que ser o vinho advindo do garrafão.
Zefa e Zeca, preocupados e meio culpados,
À espera do unigênito manchado à silvícola
Que voltava da batalha, em seu belo trole.
Daquele velho casal, Joca era própria prole.
Porém, quando bebia de si fugia o controle.
Eis arauto; pouco antes daquela meia-noite
Com seu canto rouco e alto, fazendo açoite,
Zé Pretinho, o tal agoureiro ali do terreiro.
Dá seu aviso; qual fora primeiro e derradeiro.
Aproxima - se o trole a passo de lerdo trote.
Que alívio; era o Joca, porém, enlameado
De sangue sobre o peito bem avermelhado.
O casal foi com dor mortal acudir o coitado.
Não se checou nenhum mal, era um corote
De bom vinho curtido do qual havia bebido
E espargido sobre jovem-hercúleo peitoral.
Dormia profuntamente como a um projeto.
Jocosamente o valente Zé pretinho, quieto
Em seu cantinho, parecia o bem entendido
Da macabra proposta, porém, o irriquieto
Bateu suas asas sonorizando todo o quintal.
O casal riu como jovens amores a embalar
O menino de outrora naquele velho cafezal.