Frescuras que penso sobre nós
Eu não ligo se você tem filhos que passam na minha altura, seja etária ou na estatura mesmo.
Eu não ligo que você tenha uma família enorme e que te ama mais que a qualquer outro. Inclusive penso ser esse o verdadeiro significado de união.
Eu não ligo de pensar que meu possível cunhado mais novo seria mais velho inclusive que meus professores da faculdade.
Eu não ligo se você tem quatro filhos e eu tenha de te dividir com eles. Inclusive penso ser esse o verdadeiro significado de paternidade.
Eu não ligo. Eu não ligo, realmente, se minha mãe te acha velho demais, sorridente demais, carinhoso demais pra mim.
Eu não ligo que você tenha sobrinhos mais velhos que minhas primas.
Eu não ligo ser velha assim também. No jeito, na postura, nas palavras e nas decisões.
Eu não ligaria se eu tivesse que envelhecer contigo. Até acho que ficarei, na idade que você tem agora, muito mais velha que você com seus 60 e tantos. Não ligo.
Eu não ligo em te dividir com uma cachorra carente e linda.
Eu não ligo se um dia tiver conflitos entre você e minha profissão. E ter de tomar decisões difíceis. Nem ligo para as possibilidades e as perdas que isso possa acarretar.
Eu não ligo se tiver de ficar sentada ao seu lado, ou mesmo deitada, a detectar as imperfeições que o tempo tatuou no seu rosto. O olhar continuará sendo o mesmo. E não ligo que você também faça o mesmo comigo.
Eu não ligaria em saber se é você a metade que faltava aqui. Uma metade pertencente a uma geração diferente da minha, mas, afinal, eu não ligo...
Possibilidades a serem consideradas.
E acredite, eu resistia em pensá-las.
Agora eu considero. E não ligo em fazê-lo...