AOS QUE VIRÃO

E nos escombros da alma

Sofrida qual sertanejo a cavar a terra

Assim era sua rotina e por tantos anos

Dos antepassados herdara apenas a certeza

Que nascera naquelas paragens e lá morreria.

Tinha na mira da vida que avançava

E igualmente avançava às suas mãos

As feridas da labuta sob o Sol

Que marcara a pele avermelhada

E sinalizavam próxima a 70 as velas já apagadas.

Dos livros que lera

Gostava especialmente daquele

Que falava das cidades e seus habitantes

Porque era na cidade que via as diferenças.

E sufocado pelo progresso que não cessa

E deixado ao relento os apartados da divisão

Via que a riqueza se concentrava

E muitos de fome morriam, era a sina.

Porém dia a dia não desistia

Sabia que manter-se firme era a garantia

E os que lhe impuseram tal condição

Não suportariam a convicção e o caminho

Assim dirigiu toda a sua vida.

E já passados mais tempo que o planejado

E próximo do encontro com aquela e por vezes evitada

Não teme um nada que seja

Porque se não mudou a história como queria

Sabe, porém, que a ela deu nova fisionomia.