Armadilha do desejo
Um dia vou encontrar a cura
A cura para a mágoa, a cura para a dor
Estará em rituais?
Ou no cume do vulcão extinto?
Faminto e sem dinheiro
Gastei tudo o que tinha dentro daquela caverna
Vamos celebrar o controle de mim mesmo
Há alguns metros, vejo a taberna
E me convido a um drink
A esmo, com frio e solitário
Adentro-me na busca incessante de algo
E, pelo espelho da vitrine percebo
Que não ando... Pelo chão molhado, rastejo
Toda terça-feira jogávamos cartas
Apostávamos cervejas no jogo de bilhar
Íamos àquele motel com um enorme neon à frente
Decente, havia nele, perfumados lençóis
Após, voltávamos inebriados para nossas casas
Eu para a minha, de madeira, a sós
Você para a sua, se aquecer junto à lareira
“Meu marido”, você dizia, “é um homem justo, mas muito ciumento”
“Violento? Não, não o acho violento”
“Acho que você sabe o que ele é...
... E o que gosta de fazer quando está sozinho”
... Ouço uma voz trêmula
Que vem do fundo da sala
Eu também tenho algo a dizer
Mas, preciso ver o seu rosto e saber
Se realmente é quem penso que seja
Você só deseja...
Fugir daqui, escapar dessa enrascada
O que fizemos?
Porque adultos não podem brincar?
Se satisfazerem, esquecerem o tempo, subirem ao palco da vida.
E cantarem aquela venha canção conhecida
Por todos seremos julgados, destronados, a uma ilha condenados
Diferente, muito diferente de quando nos fomos apresentados
Havia uma “vontade de possuir” no seu olhar
Um certo desejo, também apetecia-me
Bem vejo... Caímos em nossa própria armadilha
*A Nina Persson.