SOB OUTRAS BASES

E sob o positivismo nova ordem se estabeleceu

Porém não rompeu com o passado

Porque trocaram apenas de roupa aqueles

Que sob nefandas promessas corriam

À alcova da senhora monarquia cujas vestes

Igualmente nefandas o povo mantinha com fome

E mal trapilho às ruas transitavam.

O passado que se encerrava

Amparado em novas promessas

Enganava o povo sob os auspícios

De um futuro brilhante e igualitário.

E sob o positivismo

Outras instituições nasceram

Seus líderes acostumados às benesses

Do regime recém findo e outro inaugurado

Não alteraram um nada que fosse

E a história se mantém intocada.

E a coisa pública que deveria a todos pertencer

Trás no colo de outrora até o presente

Os mesmos que às suas tetas sempre mamaram.

Ó senhora há tempos festejada

Ó senhora refeita e desfigurada

Ó senhora do prostíbulo público

A ti oferto meus lamentos e lágrimas.

E como num círculo

Ao mesmo ponto retornamos

Pois às ruas o povo novamente está

E sob ameaças e outras vilanias

Enfrenta a força enviada pelo imperador.

Não sabem aqueles do passado e do presente

Que a lei por todos deve ser cumprida

E aquele que ousa ignorar tal obrigação

Trai não apenas o código e seus preceitos

Mas ao povo que constrói a nação.

E se nos tempos da coroa e da opulência

Aquele que se opunha a realeza e seus bajuladores

Cometia crime de lesa- monarquia e era executado

Comete o de lesa-pátria aquele que envergonha a nação.

E sob o positivismo

A religião de estado se impôs

Sem deuses e outros apetrechos

Se mantém com o dízimo a todos impostos.

E os hospitais entupidos de doentes

Transforma-se em locais da cura que não chega

Em balcões de passagens para o além.

As escolas abandonadas pelos donos do poder

Transformam futuros talentos em néscios convictos

E a roda gigante em seu movimento perpétuo

Produzirá outros tantos iguais aos de agora.

Porém romper o horrendo quadro descrito

Só será possível no dia e na hora

Que o povo ter aprendido e ensinado a lição

Que é ele o senhor do seu destino.