Hora Zero (00:00)
Já não escuto mais nada
Nem os sons da noite
Nem mesmo o vento sorrateiro
Os pássaros, ao ninho, já se recolheram
Dormem tranquilos, aconchegantes
Esperando o dia amanhecer
Não ouço sequer o meu coração
Já não pula, não grita, não enlouquece
Será que estou morrendo por dentro?
Só sei que quando perco os sentidos
Quando perco a noção de tempo
Sou poeta ao extremo, de verdade
O relógio já marca meia-noite
Hora zero, Hora nenhuma
E eu permaneço aqui sentada
Nesta mesa de vido inquebrável
Mas coloco nela o peso de [ minhas indecisões ]
E ela parece abalar-se...
A cada gole de suco
Desce um áspero e amargo gosto
Serão as desilusões dissolvidas no copo?
Ah! Vivo tentando decifrar os outros e eu mesma
Não posso me desvendar!