Aborto

Como o vento abstrato

que ninguém vê mas sente

Eu assanho o fogo de paixões ardentes

Sem mesmo perceber

Um riso fingido esconde o perigo

De alguém que quer dominar

Sentindo-se magoado

Talvez até culpado

De ser responsável por alguém

Que não sente frio ou calor

Que nunca viu o sol

E nunca sofreu uma dor

Ou sequer sentiu amor

De um sorriso sem dentes

E um corpo que não chegou a ficar quente

Em um coração que não bomba sangue nenhum

De olhos tão lindos e mente brilhante

Que já se ofuscou, antes de acender

Não sei se é um anjo

Não sei se é um ser

Não sei se tem vida

Responsável por algo que antes de formado

Já está considerado morto

Mesmo sem querer eu fui pai de um aborto.

Bhado
Enviado por Bhado em 30/07/2010
Código do texto: T2408861
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