Incógnito sentir... ( publicado no POL de 28/07/10 mote: A flor da pele, música de Zeca Baleiro)
Incógnito sentir...
Tenho a alma entre o limiar do querer e o abandono,
Pouco atrás da retina há um desassossegado equilíbrio,
Que por vezes me tira do prumo, urgindo por um desalinhar...
Guardo no coração um sentir que não comporta,
Derramado e descompassado,
Oponho-me ao frio, quando emerge a ânsia que em mim se inquieta...
Nesta hora então afloro, desabrocho e me desfaço,
Sou rio sem mar, oceano a desaguar,
Ando com ar curto,
Vontade presa,
Respirar insano,
Olhar posto no azul,
Corpo que treme ao abandono...
Não sei o que vem ou vai,
Só sei que atravesso barrancos de frio, derretendo geleiras...
Um coração em estilhaços,
Parte é querer e compulsão, outra é abandono e solidão...
Nada me tem ou me doma,
Nada tem chave ou cancela,
Nau sem leme,
Corpo sem timo,
Solta caravela.
Nada me cerca ou encastela,
Borboleta atirada ao vento,
Piso orvalho com pés de desalento,
No que rio, sou leve e flano qual pipa no céu...
Um curumim mora em mim...
Quero um laço e um anzol...
Um anel,
Quero amarras,
Grade que prenda ao teu atino...
Quero arca e calabouço...
Só...
# POL de 28/07/10 cujo mote foi: “ A flor da pele” inspirado na música de Zeca