LOBA

Beba, beba...

Sorva o ópio que restou em minha carcaça morta, inerte

Esperei-te por toda a vida, mas de nada adiantou

Agora estou morta pela droga do amor que me consumiu

Eu uivei para a lua à sua espera...

Eu suei frio nas madrugadas inóspitas...

Sentada em frente à luz das velas, sussurrava minhas orações

Apagaram-se pela longa espera...

O choro das velas espalhados na cabeceira da cama

Enegrecidos pelo tempo

Nas madrugadas mortas, meu corpo fremia de desejo e dor

Eu uivei para lua...

A dor da perda açoitando meu coração, dilacerando minha mente

Consumindo-me as entranhas

Olhava a janela e só vias o jazigos sombrios deixados pela sua partida:

Mortos minha esperança, meu amor, meu desejo, minha criança

As lágrimas juntando-se às gotas da chuva

E os lobos lá foram vieram juntar-se a mim solidários por minha dor

Crepitava o fogo do meu peito amargurado

Meu rosto quente espiava pela fresta da janela e só via noite

O sol escurecido pelo sangue das minhas veias cortadas

Pedaços de um coração terno e amante espalhados pelo assoalho

O mesmo em que nos amamos tantas vezes

O mesmo em que teu cheiro se eternizou

Guardei suas cartas enamoradas, cheias de versos e promessas

Guardei nossas canções no baú do passado

Guardei nossas fotos na lareira esperando que o fogo as consumisse

Guardei o meu amor para sempre

Em algum lugar de minha mente

Enterrei-os todos depois da minha morte

Ressuscitou um ser amargo e sem esperança

Uivando para a lua a cada noite de lua cheia

Cego de dor, louco de amor

O vento me açoita a carne dormente

Não posso reavivar mais o que somente agora

Só desenterrado por tuas mãos e tuas palavras

Tua boca e tuas escusas um dia quem sabe poderão renascer

Enquanto uivo pra lua triste nas madrugadas mortas que meu coração encerra

Enquanto uivo pra lua nua que nas noites de neblina inda te espera...

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 28/07/2010
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T2404568
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