Without you
Hoje o dia simplesmente amanheceu. O sol elevou-se ternamente quente.
Pelas ruas as pessoas se movimentam em seus caminhares rápidos, parecem bem mais contentes nesse dia que se iluminou.
Na grande avenida, as flores timidamente, começam a sorrir, como em um ensaio para a primavera que não tardará tanto a chegar.
No meu tempo, o relógio corre rápido. Quase não consigo atravessar o sinal, antes que ele se feche, para outros pensamentos. Lamentos de dias tristes, que não escolhi, dias que não concluí e que, no entanto, me acolheram.
Apesar de o dia já não ser tão frio, um vazio destaca-se e aumenta continuamente ao meu lado. É um incômodo sentido de mudança, quebra, parada, desesperança em algumas das coisas que me faziam existir, que davam vida à essa minha parte mais sofrida.
Em meu sentir é como se o futuro não viesse, não tivesse predição de chegada, no entanto, é tão certo que ele vem, mas, sem a alegoria entusiastica dos dias de espera. Vem sem as valsas da primavera interior. vem sem os versos do mar, e sobre o mar em sua orla elevada.
Chegará tão simples, tão comum, sem toques na pele marejada, aflita de desejos silenciados e vincados nas laudas macias de sonhos febris sob a sombra. Virá sem os beijos perdidos por entre as estações, Virá em falácias abatidas. Dimensões que se fecharam sem alardes precipitados no tempo. E assim, calados e lacrados se vão os alentos de uma alma em absoluta espera.
O dia amanhece vazio. Apesar de já não ser frio. Apesar de o sol se refazer a cada novo amanhecer com toda sua magnitude sagrada.
Tudo fica exatamente igual como era antes. Apenas eu, fração insignificante, diante do universo é que insisto em não compreender. E nessa minha insigne falta de compreensão, para que não doa tanto, vou juntando fagulhas nesse enleio, observando o dia que se consome alheio a esse meu fim.
Tento versar como um meio válido de reparar em meus devaneios o sentimento de amar. Amar por inteiro. Como quem nunca teve um único dia verdadeiramente vivido.
Amar com todos e, sobre todos os meus órgãos do sentido. Amar para além, para além e muito aquém de mim.
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