das odes do professor pseudo-literata - II - devaneio

comia-me devagar e belicamente

daquela maneira triste e sem graça

com um olhar de ironia profundo,

debochado

olhos debruçados em meu decote

em minh'alma distante

lábios mornos, balbuciando inverdades, sofismas atrozes

aquela filosofia de butequim

palhaços de butequim, metidos em fraques negros...

e, num segundo, mais ociosamente

começou a escrever tolices e se dizer mestre, doutor do cacete

doutores que se deitam com o vazio da madrugada

violentam a palavra para torná-la alienada

tomam-na a essência e matam o resto

origem e prosa

a desgraça da beleza...

e meus colegas assistiam aquilo embasbacados

diante deles, idiotamente, um mago de araque

sonhando com orgias colegiais

e, assim mesmo, aplaudiam as apologias machadianas.

meu grito cortava o silêncio dos mundos alheios e dizia, áspero:

"filho da puta sossegado!mata-me, mas não mata Machado"

assis se revirou no túmulo com desprezo

até ele pôde ver o óbvio

daquele ridículo professor que colhia decotes e cinturas espalmadas

e fingia, desesperadamente mal, o manejo da palavra.

em devaneios quadriculava, suscinto:

-Maria, maria...

e mais NADA!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 28/07/2010
Código do texto: T2403997
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