das odes do professor pseudo-literata - II - devaneio
comia-me devagar e belicamente
daquela maneira triste e sem graça
com um olhar de ironia profundo,
debochado
olhos debruçados em meu decote
em minh'alma distante
lábios mornos, balbuciando inverdades, sofismas atrozes
aquela filosofia de butequim
palhaços de butequim, metidos em fraques negros...
e, num segundo, mais ociosamente
começou a escrever tolices e se dizer mestre, doutor do cacete
doutores que se deitam com o vazio da madrugada
violentam a palavra para torná-la alienada
tomam-na a essência e matam o resto
origem e prosa
a desgraça da beleza...
e meus colegas assistiam aquilo embasbacados
diante deles, idiotamente, um mago de araque
sonhando com orgias colegiais
e, assim mesmo, aplaudiam as apologias machadianas.
meu grito cortava o silêncio dos mundos alheios e dizia, áspero:
"filho da puta sossegado!mata-me, mas não mata Machado"
assis se revirou no túmulo com desprezo
até ele pôde ver o óbvio
daquele ridículo professor que colhia decotes e cinturas espalmadas
e fingia, desesperadamente mal, o manejo da palavra.
em devaneios quadriculava, suscinto:
-Maria, maria...
e mais NADA!