O relógio
Por algum motivo foi colocado em uma das paredes do quarto. Antes morava na sala, em meio a quadros, perdido entre porta-retratos, a imponência prejudicada pela quantidade de informações. Embrulhado em lençol verde-água veio parar quilômetros ao sul. Agora espera deitado, na mesa de outra sala, que mãos habilidosas lhe retornem a vida. O pêndulo solto dentro da caixa, a porta de vidro manchada e sem brilho. Vestígios dos ataques de insetos indesejáveis maculando o entalhe delicado. Porém, a lembrança viva de seu som alegre, invasor dos sonhos de outras gerações, reacende o prazer de ser eterno legado.
Foto : arquivo pessoal - Tahis Mescouto
Por algum motivo foi colocado em uma das paredes do quarto. Antes morava na sala, em meio a quadros, perdido entre porta-retratos, a imponência prejudicada pela quantidade de informações. Embrulhado em lençol verde-água veio parar quilômetros ao sul. Agora espera deitado, na mesa de outra sala, que mãos habilidosas lhe retornem a vida. O pêndulo solto dentro da caixa, a porta de vidro manchada e sem brilho. Vestígios dos ataques de insetos indesejáveis maculando o entalhe delicado. Porém, a lembrança viva de seu som alegre, invasor dos sonhos de outras gerações, reacende o prazer de ser eterno legado.
Foto : arquivo pessoal - Tahis Mescouto