Das odes do professor pseudo-literata (desejo)

um professor que quebrava o giz.

comia-os, cacos, farelos.

olhando-me, enaltecido, pensava em se matar.

nunca encontrara outro aluno, romanticamente problemático para matar seu tempo ocioso.

não encontrou Deus nas partidas inconstantes de dama.

sentado ao sol, sozinho e seco.

pregava a palavra com maestria como quem coloca sal na massa do pão.

e dobra, dobram os segundo e permanece o olhar intacto.

às vezes, quando os passos consumiam o piso

refletia algumas pornografias sem harmonia

um riso soluçante e morno

ah fora de hora.

e pensava em suicídio

rangia os dentes de raiva e tédio

nunca encontrou, antes, alguém que o encarasse com uma beleza contrária

permaneceu inerte até o último dia e depois sumiu.

não apareceu para o culto

esqueceu a colação de grau

se trancou num quarto laranja, fosco

e chorou com saudades d'uma senhorinha qualquer

diabos daqueles olhos

nunca encontrou outra aluno que o fez gozar

no silêncio da lítera

da palavra "velhacaria"!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 27/07/2010
Código do texto: T2402599
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