CANTAROLANDO CORES.
Podia esperar da vida quase tudo, entre dores e amores, já não se surpreendia.
Não quer dizer que não sofresse ou se alegrasse,apenas não traçava planos.
Os projetos se houvessem, viriam a se tornar prospectos palpáveis.
(A)guardava o anoitecer e a aurora com grávida expectativa de sonhos reais ou realidades sonhadas.
Insone.
Insana.
Seguia a vida pé ante pé, em silêncio atabalhoado, em riso dersavorado que se derrama pela alma, em lágrimas(con)vertidas e
vestidas de solitária angústia.
Havia silêncio...
... Silenciosamente se despia das dores e dos anseios/receios.
Seios abertos em flor,já havia colhido rosas em botão.
Levava o peso da alma refletido no corpo, os sulcos cravados na face, as mãos não tão firmes,os sonhos (in)vertidos/perdidos no universo paralelo que finge acreditar existir e acredita fingir poder tocá-lo.
Raios reluzentes da lua recém parida,tendo por berço o mar que se faz e desfaz em seu caminho dourado de luz, mesclado de estrelas que dançam na amplidão se refletindo alegres e fugidias entre vagas e marolas.
Constelações de peixes e cardumes de estrelas, mistura perfeita de céu e mar.
Peixes no infinito etéreo, estrelas flutuantes sobre ondas e sonhos.
Espuma/bruma.
Louco devaneio...
... de quem se faz/desfaz/refaz apenas para ter a certeza de que está viva.
Seguia desenhando sons no papel e cantarolando cores pelo infinito.
Márcia Barcelos.