ELE
ELE
Pensei nele por um instante só. E bastou.
Toda uma vida retornou feito turbilhão equivocado. Assustei-me. Assustou-me.
Todos esses anos, cinco, quase seis tentando diariamente esquecê-lo.
E quase consigo!
Lembro que ontem, ainda ontem, dei-me conta, já na cama quase entrando no estado sagrado do sono, que passara o dia sem lembrar seu nome, seu sorriso, seus olhos! Também não havia lembrado de nenhum de seus infinitos gestos, suas palavras, suas carícias, nem mesmo de seus beijos. Também não lembrei seus gostos, nem do seu jeito de andar pela casa descalço, só de roupão. Não recordei seu deleite ouvindo música, nem sua seriedade ao falar de política. Dormi maravilhada, pensando que finalmente o esquecera! E hoje, assim, do nada, num único instante, tudo volta.
Sinto na pele, no ar, no olfato, a existência do homem que tanto amei (amo ?) e sufocada pela descoberta retorno minha firme convicção de esquecê-lo. Todos os dias!