NÃO HÁ COMO NEGAR
Está faltando comida no nosso prato
E os comensais à custa do erário
Ignoram a plebe e dela se afastam
E seus pratos de borda dourada
Transbordam, mas não saciam
A ganância da casta habitante da egrégia casa.
E aos que se submetem a tais rituais
Dedicados ao deus da servidão e seus ministros
Freqüentam o templo como se a casa fosse sua
Não sabem que só lhe autorizam a entrada
Para limpar o salão e dar mais brilho aos utensílios.
São apenas decorações nos festejos
E assim são mantidos a cada dia o outro mais
E o tempo que não cessa e sempre avança
Faz deles estrangeiros perante os seus
Porque no campo de batalha tem dois lados
O dos que afrontam e o dos que resistem
E a escolha se faz no ato contenda.
Não é questão de jogo
Somente de opção
Os que insistem na resistência
Fizeram a escolha e sabem porque o fazem
Os que afrontam também fizeram a sua
Aquele que transita entre os dois
Desses não há o que dizer.