A FEITURA DE UM AMOR
 
O que eu pretendo agora é narrar uma história de amor. Um amor que jamais foi visto ou sentido nos tempos atuais, por dois seres humanos. Entretanto, no final da história, como vocês poderão observar, eles não souberam sublimar a pureza de propósitos que fez surgir ou foi o nascedouro desse sentimento. A princípio foi um encontro comum, igual a todos os encontros entre um homem e uma mulher. Mas, nesse encontro em particular, entre Hellius e Luzbel, surgiu um envolvimento tão profundo que eles mesmos não souberam explicar, pois tamanha era a sua inefabilidade.
A atração ou a identidade de almas foi o primeiro e inexplicável impulso sentido. Pois entre eles, passou a transitar um campo magnético que era sentido pelo fluxo elétrico próprio das suas mãos. Acompanhado, é claro, pelas vinhetas dos olhos que se embeveciam com o instinto e os flashes mútuos de sedução. O tempo não existia, pois havia parado e eles se sentiam preso numa redoma de puro êxtase. Havia um propósito muito claro nesse encontro, pois ambos necessitavam do amor. O primeiro beijo ocorrido foi a identificação iniludível desse sentimento, que passou a governar essas duas criaturas. Desse momento em diante, os dois passaram a viver como se tivessem descoberto o paraíso aqui mesmo na terra.
As juras e as promessas eternas de amor eram constantes, por isso, foram se entregando a devaneios mais íntimos que, naturalmente, os levaram a prazeres inefáveis e nunca antes sentido. Hellius havia encontrado a sua alma gêmea e o seu coração era transbordante de felicidade. Luzbel, enternecida também irradiava os efeitos inexplicáveis do amor. As suas faces róseas deixavam transparecer um halo de alegria e de um inconfessável amor. Os olhos verdes como as esmeraldas, tinham uma profundidade misteriosa que magnetizava o ambiente e, Hellius, se sentia cada vez mais atraído pela luz da sedução de sua amada.
Eles, por estarem apaixonados e envoltos por esse clima angelical, procuravam sempre estar em contato com a natureza circundante, pois, queriam viver somente para si, as doçuras desse sentimento que os projetava para uma dimensão diferenciada daquela que sentiam os pobres mortais. Os bosques, as montanhas, a serra e o mar, eram os lugares por eles eleitos, a fim de, vivenciarem o embate anímico que sentiam um pelo outro. Ela se portava como uma menina travessa e alegre, pois o amor que invadiu o seu coração transformava a sua personalidade madura, numa criança encantada, lépida e graciosa.
Eles viveram esse idílio por um bom tempo, até que, numa viagem inesperada, Luzbel disse à Hellius que precisava se afastar por motivos que ele, um dia, iria compreender. Pois até hoje, Hellius não entendeu os reais e supostos motivos dela. Às vezes, nós não entendemos o que se passa na cabeça da pessoa que mais amamos nessa vida. Entretanto, ele, em virtude do amor sentido e vivido, espera, um dia, a volta de Luzbel. Mesmo porque, o amor entre os dois ainda transita com a mesma intensidade de quando se conheceram.
Compreendam ou não, os dois mantêm encontros fortuitos, ocasião em que, vivem intensamente os momentos de amor que os seus corpos pedem e as suas almas exigem. Na verdade, são encontros esporádicos, mas no silêncio de cada um deles, fica subentendido o desejo de se unirem para sempre. Eles têm as almas apaixonadas em busca da felicidade e os corpos prontos para o prazer. Prazer esse que é comungado com muito frenesi e amor. Mesmo que não aceitem essa forma de viver um amor, eles simplesmente se deliciam com os momentos que o destino ou a vida lhes reservam.
O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Mas quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia. É assim que o amor de Hellius e Luzbel se comporta!