Quisera poder

Pudera eu espiar a felicidade alheia e roubar um pouco.

Pudera eu dormir nos braços de Morfeu e acordar nos braços de Baco.

Olhar o mar sob a janela e sentir o cheiro de areia do teu corpo.

Quisera eu livrar-me de todos os males da alma e da paixão descomplicadamente desfrutar.

Quisera livrar-me do humano e viver apenas do divino ato de amar.

De sentir a tua mão escorregar pela minha pele.

Quisera eu não ser apenas mais uma que te lanças um beijo, mas ser aquela em quem tu encontras morada.

Pra que vou querer ser rainha de Esparta se a tua companhia já me basta?

De fato, eu vivo do lirismo e não tenho arrependimento.

Vivo do que é ilícito ao resto dos cegos.

Pudera eu ser igual e desfrutar do teu mundo.

Quisera eu encontrar o sol sobre a nossa rede e passar o dia a te ouvir contar causos que não se sabe ao certo onde vão dá.

Pudera eu ter teu coração, assim como tu roubastes o meu e saber que tudo isso não é apenas imaginação.

Quisera eu não ter que acordar e sofrer novamente ao perceber que era só um sonho.

Pudera, poder te beijar sem problemas como o pássaro que à flor vem visitar.

Quisera, poder querer e realizar.