Quando transborda...

Há dias em que se anunciam as sensibilidade dos ais, o prazo vencido embaixo da embalagem já não camufla-se ao sentir o apurado sabor do que incomoda.

Não pertenço a este lugar e não há chances de conquista, a quietude que alguns anseiam será sempre uma prisão para minh'alma. Não aprecio as horas fingidas como um figurante em películas de ação. Gosto do inconformismo que agita as folhagens, tenho mil projetos e mãos ativas para construção de insignes obras, mas entregue-me a bandeja de cafezinhos e tropeçarei nas estáticas planícies.

Os desconfortos adoram economizar passagem, pegando o bonde de uma mesma causa não me resigno aos grosseiros modos de ogros gigantes, que escondem por detrás dos berros a carência de quem não sabe ser amado e acreditam que na feiúra dos seus gestos alcançarão maior atenção - Não a minha.

Não há medo ou rejeição, tenho comigo uma costumeira paciencia ao acionar o filtro contra ruídos e oferecer sorrisos para o Peter Pam que aqueles levam por dentro. O problema é que estas criaturas são desprovidas de conhecimento popular, esquecem-se que para tudo há também limites.

Ao ser intensa de sensações, o que me salva é a filosofia otimista em refazer os tratos apenas no pedaço bom do que você me deixa.

Amanhã a paz restaura, por hoje o berro cotidiano acumula muito mais sal do que eu podia carregar...

Transbordo.

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Raiana Reis
Enviado por Raiana Reis em 23/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2395295
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