ESTÃO TODOS CONTRA A PAREDE

Então estão todos contra a parede

A força reclamada não ressoa na classe

Que se digladia e não impõe sua voz

Porque outros tantos se renderam ao imperador.

O coletivo queria entregue a praça

Porém a imprensa vendida e corrupta

Esconde do povo a podridão do castelo e sua camarilha

E o príncipe se camufla de seriedade e polpudas vestes

E o jornal divulga novos empreendimentos.

É o estupro não da donzela indefesa

Mas do direito a todos negado

Que de gabinete em gabinete

Habita a hipocrisia senhora dos senhores

Porque destes coisas melhores não se esperam.

Então estão todos contra a parede

Que se fortalece com a fraqueza e rendição

Daqueles com suas infames desculpas

Terceirizadas a outros a covardia somente sua.

E o populacho retoricamente sempre lembrado

Não recebe dos governantes e seus tentáculos

Os serviços caros e sempre em ascensão.

E as contendas avançam décadas e se arrastam

E o resultado não contempla o reclamo do direito aviltado.

E assim nunca cessará o conflito

Do trabalhador, do negro, da mulher e outros mais

Enquanto na casa dourada morar

Aqueles que da rua só conhecem o que vêem

Porque do povo nada mais querem senão distância

E entram nos oficiais carros por todos custeados

E são agraciados por séquito de exército de também trabalhadores

Que às suas botas estão sempre dispostos e sorridentes

E desconhecem que deles só tem apenas e tão somente

O desprezo transmutado em simpatia oportuna.

É a hipócrita relação por vintém negociada

É a servidão como norma estabelecida e perpetuada

E todos sorridentes se contemplam

Porque na praça não pisam e sabem que lá estão

Outros tantos que se enojam de abjeto quadro.

E aprendo cada dia que passa e outros mais

Que se não pode vencer o tirano como Davi a Golias

Também sei que não ceder já é resistência.