O Cigarro e a Flor
Dizia um dia o cigarro
Para uma pequena flor:
_Tu és útil à humanidade
Ou simplesmente uma flor?
_ O que faz de ti tão delicada
Quando podes ser tão forte
O que fazer com uma flor
Que tão próxima vive da morte?
Tu vives por quanto tempo?
Dize-me flor, quantas vezes, viste o sol alvorecer?
Apenas, uma? Duas, ou três?
Nem sabes o que é viver!
A flor, consumida em lágrimas
Virou-se para responder:
_ Porque me humilhas, cigarro
E nem olha pra você?
Vivo pouco, como dizes
Mas meu viver é mui rico
Minha missão é alegrar
Não importo se vou ou fico.
Em minha curta vida já vi tanto renascer
Já curei com um simples toque
Já evitei muitas mortes,
Já fiz guerra perecer.
E tu, para o que vives?
O que estás a fazer?
Matas porque, tanta gente,
Com o teu triste viver?
Quanto alvorecer encobres
Com tua fumaça maldita
Sufocas os que te amam
Não exclui pobre nem rico da tua infinita lista.
O cigarro humilhado
Já não sabe o que dizer
Porem num ímpeto de orgulho
Foi à florzinha responder:
_Mato porque me procuram
É Tudo o que sei fazer.