AVANÇO, APESAR DOS CARRAPICHOS.
Andando sem rumo certo, apenas indo em frente...
Sigo olhando a minha volta, como se tudo fossem ‘presentes’.
Folhas, galhos retorcidos, frutos, insetos, mato a perder de vista.
Galinhas ciscando, pássaros voando... Um gorjeio... Posso ouvir. Vem de longe!
Continuo... Sem preocupação e atenção, não olho por onde piso.
Atento apenas para as coisas que estão acima.
Só então,me dou conta: estou cheia de carrapicho.
Não me incomodo. Isso é pouco... Não vale perder o que estar por vir.
Por que devo parar de avançar se há carrapichos em mim?
Logo descubro um cajueiro que de tão grande se dobra.
Entro naquele abrigo e desfruto de um momento jamais imaginado.
Como uma criança sapeca, subo pelos galhos, esquecendo que já não sou tão jovem;
Sigo em frente, não temo a nada, pois aqueles galhos parecem braços de mãe, braços que tudo abraça.
Lá do alto, contemplo o mais belo espetáculo: um vale todo florido a me brindar com seu colorido.
Estará me acenando? E as flores do campo parecem que estão sorrindo!... Esqueço as horas. Só por um tempo... Preciso disso.
Viajo nas asas das lembranças, invoco meu passado. Vejo a menina subindo nas árvores e meu pai preocupado. ‘Desça daí, menina! Quer quebrar um braço?’
Respiro um belo retrato. Mas não posso viver do passado. Fecho os olhos, faço uma simples oração... Desperto por uma voz que me chama:
- Mamãe, onde você está?
É hora de voltar.