DE REPENTE
Olhei você...
Seu olhar absorto no horizonte
procurando algo no infinito...
Seus braços rijos e cruzados,
o abraço negando...
Sua boca muda, sem poesia,
sem o beijo quente e sempre molhado,
sem o sorriso carinhoso...
De repente... Vi o que já sabia.
Nunca fui a causa dos teus versos...
Nunca tive a culpa da tua inspiração...
Nunca fui o seu motivo...
Não era eu, como você dizia,
que dançava nos seus sonhos...
Por isso peguei o nada de mim,
que você tentava agarrar,
e saí sem olhar prá trás.
Se olhasse... Não iria
e a agonia continuaria...
Maria
Emília
Xavier