Não pense que não
   
Quando entre o sorriso e o abraço do reencontro me perguntou porque não "envelheço" e se fico triste ...  respondi que sim e percebi um certo alívio... Me inquietei: incomoda me ver feliz?

Não pense que não sou normal como qualquer ser pensante e desejante. Entristeço e choro com a mesma intensidade com que me alegro e amo. De um modo bem buarqueano, uma enchente surpreendendo o verão...

Não pense que não fraquejo, que não desanimo, mas não pense que também não me esforço para afastar qualquer sentimento negativo que me impeça de ser feliz.

Aprendi a alimentar minha alma com o bom e belo que a poesia da vida produz, mas não pense que é fácil, que não me flagro humana demais, pequena demais diante de muitas situações.

Não pense que a busca do autoconhecimento, o respeito aos meus desejos e sonhos não é um aprendizado cotidiano. Muito do que sou devo aos meus companheiros e companheiras de caminhada e a minha família terrena que me ensina a olhar o mundo com olhos esperançosos.

Não pense que não sei que solidão dói, que não sei de dor de perda, que não sei das tristezas do mundo. Aprendi algumas coisas por viver e outras na lição da solidariedade, sem me tornar amarga.

Não pense que não desejo para os outros o que recebi e recebo de bom da vida, não pense que não agradeço por cada sonho realizado e por todos que ainda realizarei.

Não pense que nunca abri mão de realizar um sonho... Sim, já joguei a toalha algumas vezes, mas aprendi a me refazer a cada novo dia...

Não pense que isso é pouco...