TRAVESSURAS DE AMOR
Velejar estrelas azuis vestidas de pirilampos insones abraçando a noite profunda
e se desfazendo em madrugadas no silêncio dos teus sonhos impossíveis.
Despir o véu do teu sorriso encantado
e entender os enigmas de tua alma de menina travessa,
habitando a beleza das manhãs enfeitadas de borboletas amarelas,
como o ouro do silêncio roubado aos piratas da solidão,
desfeitas em versos que se dissolvem em ecos de nunca mais.
Sorrir das tristezas que fabricam o desencanto dessas praias desertas de ti,
e ouvir o lamento das sereias se despedaçando em bolhas de sabão levadas pelo vento,
anunciando um tempo de tréguas, descanso e paz.
Reinventar a magia do relâmpago que estilhaça as ilusões escondidas no baú das lembranças e fazer renascer o corisco da esperança,
a fênix de uma nova alvorada despindo-se aos quatro cantos da terra.
Desmanchar-me em procelas
e fazer-me lépido como o vento brincando nas folhas da bananeira.
Inventar eternas primaveras
e estar sempre pronto para ir além, além de mim mesmo.
Alcançar as lonjuras mágicas pairando sobre as tragédias humanas,
e ancorar-me em visões ampliadas do infinito se multiplicando pelas eternidades de horizontes que aparecem e às vezes se apagam como miragens no deserto.
Guardar sempre um sorriso por fora e milhares por dentro, que da vida, o que se leva é apenas essa alegria e essa felicidade de saber existir em amor e gratidão.
Finalmente, e bem antes do anoitecer,
aconchegar-me no teu abraço
de menina-princesa-mulher
acalentando sonhos
de eterna primavera...
Fazer-me príncipe,
desmanchar-me em quimeras
habitar o solo do teu país
de agora, de hoje, de ontem
e de todas as eras...
Atravessar o silêncio da alma
tangendo encantos
fabricando alegrias...
Respirar o sopro da felicidade
e deixar o hálito
do eterno perfumar
o teu sono de fada azul
amadurecendo o renascer de
mil e uma travessuras de amor.
(José de Castro, Natal/RN,
11 de setembro de 2006)