A fome do horizonte!
Ouço o Fagner cantar "Dezembros" do Zeca Baleiro,
viajo no verso:
"Os meus olhos tem a fome do horizonte".
Os meus também tem!
A fome do profundo,
do belo, do azul,
do encontro.
Céu no mar.
Linha do inexistente...
sonhável.
A fome livre, (in)saciada,
que sobressai no olhar,
ultrapassa o mero, o comum,
o agora, o já vivido.
Ultrapassa o visto... vai além.
Outros mares.
A fome do horizonte
cruza os dezembros,
cruza oceanos e desertos (como na canção),
*passa domingos olhando o mar {*Chico Buarque}
e não se satisfaz
é sem limites.
A fome do horizonte é a poesia solta
nas ilusões possuídas...
sem amarras, sem laços,
que larga a vida no pulsar do dia-a-dia.
Simples, ar, suave, brisa,
paixões. Momento!
Olhar inquieto... nada a dizer...
encantamento...
busca... encontro... arrepio.
Invisível aos olhos,
impossível ao toque,
vai além.
Testemunha algo que o coração concorda,
se emociona, se prende.
A fome do horizonte
mora em mim!
Dete Reis