Estou de saída

Não me espere mais, estou de saída...

Saio das minhas fantasias de menino, dos medos pueris. Estou de saída dos meus desejos simplórios, dos meus erros de quem ainda fez pouco... de quem espera o outro sempre ligar!

Estou de saída...

do meu quarto em desordem. Da alma com janelas escancaradas, sentindo o uivo solitário do vento miúdo. Não me espere mais, estou de saída...

Do amor embrionário e pouco fecundo, das lágrimas ao cair da tarde ou ao repousar sobre o leito infinito. Estou de saída de mim mesmo, daquilo que a memória de mais remoto resgata. Da imagem mais pungente do sexo, do beijo mais intenso, da mão mais acolhedora e bravia que já me tocou. Das palavras desconexas, dos segredos socorridos pela incoerência... estou de saída. Me deixa ir!

Estou de saída... da sinceridade gratuita que freme meu fôlego, declarando minha dor, meus defeitos, minhas feiúras, minha pequenez. Estou de saída!

Ah, que eu encontre novas portas quando você me fechou a sua e disse "good-bye", levando o meu sonho, mas nunca ninguém me roubou a esperança... a inabalável certeza da calma. Disso jamais partirei!

Leia também a versão em inglês dessa obra em http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/2373063

I am leaving!