Para se operar uma câmera digital basta apertar um botão: clic! Traz recursos que, se lidos e entendidos no manual, faz com que se obtenha boas fotos em quaisquer condições. Num cartão de memória de 2 GB cabem umas mil fotos e mais umas trezentas que cabem na própria memória da câmera. E fotos de excelente resolução.
Fotos de viagem são, no mínimo, muito estranhas: cidades e sua arquitetura, obeliscos, prédios, monumentos, interiores de alguns prédios, museus, os quadros e as estátuas. E às vezes, muitas vezes, aliás, incluem o viajante, para figurar como uma prova de que realmente ele esteve lá.
Tenho a impressão, um tanto constrangedora, de que o viajante vai lá fotogafar e vem de volta para ver aqui as fotos com os amigos.
A foto, nesse caso, mata a vivência da memória, a emoção e o prazer de relembrar para contar. Torna-se uma coisa fria, seca. Como foi sua viagem? E toma lá uns dez ou mais álbuns de fotografias.
E esse é apenas um dos lados nefastos da tecnologia...
Creio que sou romântico demais, deve ser esse o problema.
Queria que de uma viagem que eu fizesse, quando fizer, trouxesse as retinas repletas de paisagens, os ouvidos cheios de sons, sotaques, expressões, lembranças de rostos e sorrisos, de apertos de mão e abraços, de gente que se viu e se conheceu, conversou, trocou experiências. E tudo guardado no oco da memória, mesmo correndo o risco de se perder, para sempre haver o esforço de voltar em pensamento e em memória a todos os lugares em que se esteve.
E, em vez de levar uma câmera fotográfica, talvez levasse canetas e cadernos. Porque vai ser sempre desafiador descrever algumas emoções em palavras, quando muito, em desenhos. Pode não ser tão mais belamente ilustrado, mas há de ser lírico. Poético de uma poesia que não devia morrer nunca.
(Poesia On Line, em 11/07/2010)
Fotos de viagem são, no mínimo, muito estranhas: cidades e sua arquitetura, obeliscos, prédios, monumentos, interiores de alguns prédios, museus, os quadros e as estátuas. E às vezes, muitas vezes, aliás, incluem o viajante, para figurar como uma prova de que realmente ele esteve lá.
Tenho a impressão, um tanto constrangedora, de que o viajante vai lá fotogafar e vem de volta para ver aqui as fotos com os amigos.
A foto, nesse caso, mata a vivência da memória, a emoção e o prazer de relembrar para contar. Torna-se uma coisa fria, seca. Como foi sua viagem? E toma lá uns dez ou mais álbuns de fotografias.
E esse é apenas um dos lados nefastos da tecnologia...
Creio que sou romântico demais, deve ser esse o problema.
Queria que de uma viagem que eu fizesse, quando fizer, trouxesse as retinas repletas de paisagens, os ouvidos cheios de sons, sotaques, expressões, lembranças de rostos e sorrisos, de apertos de mão e abraços, de gente que se viu e se conheceu, conversou, trocou experiências. E tudo guardado no oco da memória, mesmo correndo o risco de se perder, para sempre haver o esforço de voltar em pensamento e em memória a todos os lugares em que se esteve.
E, em vez de levar uma câmera fotográfica, talvez levasse canetas e cadernos. Porque vai ser sempre desafiador descrever algumas emoções em palavras, quando muito, em desenhos. Pode não ser tão mais belamente ilustrado, mas há de ser lírico. Poético de uma poesia que não devia morrer nunca.
(Poesia On Line, em 11/07/2010)