Prece ao pingo (Relatos de uma prenda campeira)
Cuntra punteio o bate cascos dum galope com as batidas legueradas desse coração estradeiro quando me escramuço num lombo e dou-lhe um berro largo de venha.
Nessas lidas brutas existe o vento, minhas melenas, os cascos e só. As horas passam mais desapercebidas, encilho anseios, esporeio as mágoas, gineteio culpas, tironeio as lembranças... Debruço-me a sombra de uma figueira, recosto os tentos e cevo o amargo com mágoas. Depois de levantar a polvadeira deve-se desencilhar. Já sem os trastes somos dois novamente.
Fico ali negaceando a pampa enquanto o gateado pasta, e sem querer me perco numa sesta.
Acordo matreira, puxo dos trastes, pois a jornada é longa, a lida é bruta e o tempo não perdoa...
Ah como é bom paysano, me sentir caudilha, com o sangue farrapo maragateando nas veias. Pois eu sou um pouco de várzea, de mato, de coxilha, da terrunha pampa aquarelada na primavera... Sou o cheiro do cavalo, gineteada num xucro, sou pialo e polvadeira, eu sou a vida simples desse povo que vive no garrão da pátria, sou centaura, posteira e tradicionalista!
Que me guste sempre esse sangue, essa força, esse jeito e essa vida!!!!