Apocalipse Interno.

Em uma fração qualquer de tempo/espaço,chegou/saiu,

jogando fora para o alto ou para o universo absorver os cacos/

resquícios/resíduos a outra parte da relação.

Jogou no chão o sorriso dela,sem dó nem piedade,sem

medo nem culpa/desculpas.

Caiu no mundo comum de pessoas que sofrem por terem perdido o que pensavam ter encontrado:um amor.

E olha que nem precisava ser um grande amor.

Queria sentir o gosto doce de chocolate meio amargo de

acordar e adormecer enamoradamente apaixonada,achando graça

da lua,da rua,tornar madrugadas em madrigais,rock em serenata...

...queria acreditar que até os sonhos podem durar para sempre( e

olha que sequer teve dúvidas de que sempre e nunca são eternos

demais para que pudessem ser reais).

Mas como dizia o poeta"...que fosse eterno enquanto durasse",

durou pouco, mas ela viveu esse máximo,ainda que mínimo com

tamanha sede/fome e garra que pareceu ser imenso/intenso e quase

infinito.

Até que um dia, tudo se despedaçou em uma espécie de apocalipse em seu universo (já em total desencanto) particular.

Sim, claro vieram as lágrimas, o medo e até a auto piedade, a

mágoa , a culpa, a raiva e o grande, enorme vazio,buraco negro de sua própria criação ao avesso,estava se desfazendo,se descriando.

Sofreu,quis morrer. Amou pela primeira vez ( tomara não fosse a

única).

Amou misturado e embolado com paixão, sofreu em dobro ( se é que é possível se medir a intensidade de uma dor).

Enfim, seu firmamento ficou totalmente despido de astros brilhantes,satélites,estrelas,planetas e qualquer outro presente Divino.

...Era o fim dos tempos em sua vida.

O tempo passou,como sempre passa,dia,mês, anos.Ainda se lembra

de cada doce momento e de cada amarga gota de lembrança.

Ficou de tudo um pouco ( como sempre fica) e o que era vídeo perdeu-se na penumbra de uma película. Os fatos consumados que já foram fotos felizes se empoeiravam no passar da vida, guardados em gavetas da memória e aguardando a oportunidade para se deixarem calar ou gritar para sempre ou até nunca mais.

Mas uma certeza ficou: amou com intensidade e inocência de " criança de dia e mulher à noite". sim viveu ainda que ao seu modo um grande e porque não,inesquecível amor.

Buscou seu sorriso no chão,reencontrou no firmamento seus milhares de brilhos e sacudiu a saudade que chegou lenta/preguiçosa em uma manhã de muitos, muitos dias após.

Não, não esqueceu,apenas recomeçou a tentar escrever outra estória...

...quem sabe não será mais feliz!

Márcia Barcelos.

Março de 1994.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 07/07/2010
Código do texto: T2363561