[O Eu Perdido e os Outros Eus]
[Pinguela estreita requer juízo...]
Pressa de vida, descompreendo;
grito de dor, descompreendo,
do sorriso, nunca sei o porquê,
de amor, morro sem entender!
Da vida com os outros, sei nada não;
o que tu és para mim: um poço escuro;
mas o que eu sou, sempre me aturde;
os meus outros eus que me falam,
e me plangem, também me são estranhos
— descomprendo-os!
A confusão só aumentando...
cada vez mais, e mais;
será a morte chegando... será?
Quando ela enfim, me bafejar no rosto,
já não saberei mais nada, mais nada,
não mais hei de encarar a constante
ameaça a cada passo meu — livre!
.... E então, apeado do cavalo doido da vida,
eu partirei só, partirei para o Nada...
Roliças, escorregadias são as pinguelas da vida,
e se fosse para espalhar otimismo no mundo,
eu nem teria nascido, uai!
[Penas do Desterro, 05 de julho de 2010]